O menino da Pretoria?
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Bolsa: Delegação de empresas portuguesas visita Wall Street e considera que se avizinham tempos difíceis
Nova Iorque, 07 Out (Lusa) - A delegação de empresários portugueses com lugar no PSI20, que visitou hoje a Bolsa de Nova Iorque (BNI), considera que a crise financeira veio para ficar e que os próximos tempos não serão fáceis. "É um momento extraordinariamente conturbado para os mercados", disse Miguel Athaíde Marques, presidente executivo da Euronext Lisbon, em conferência de imprensa nas instalações da Bolsa de Nova Iorque, depois do embaixador de Portugal nos EUA, João de Vallera, ter tocado a campainha que determina a abertura oficial das sessões. "O ano de 2009 não vai ser fácil, ai isso não vai", alertou Alexandre Soares dos Santos, presidente do Conselho de Administração da Jerónimo Martins. Soares dos Santos confessou que a sua grande preocupação não está tanto no comportamento das Bolsas mas antes em "saber como vão as vendas da semana passada." "Preocupa-me que a crise chegue ao consumo. Neste momento, as vendas vão muitíssimo bem nos países onde operamos (Portugal e Polónia)", revelou. Soares dos Santos disse ainda que não tem dúvidas de que "o sistema não falhou" e acredita que é essencial evitar o alarme. "O pânico é que pode gerar o desastre", precisou. "Há um problema e tem que se procurar uma cura. Mas, em Portugal, os políticos começam logo a dizer que temos de mudar o sistema. O sistema não falhou. Falharam outras coisas dentro do sistema. Mas foi este sistema que criou a riqueza e melhorou a qualidade de vida", explica Soares dos Santos que, no entanto, se demonstra preocupado com a capacidade de recuperação dos europeus. "Os EUA sempre demonstraram uma resiliência extraordinária. Basta ver a história das empresas americanas para ver com saem da crise rapidamente. Nós, na Europa, temos algumas dificuldades." Rodrigo Costa, presidente executivo da Zon Multimédia, também se revela preocupado com o consumo dos portugueses mas jura que não vai deixar de concorrer ao quinto canal de televisão. "Ainda não sentimos nada de alarmante. Mas sei que esta situação pode vir a ter um impacto importante no consumidor. Por enquanto, os meus clientes continuam lá, continuam a comprar os meus produtos. As acções podem subir e descer mas, a médio e longo prazo, interessa-me o comportamento dos clientes", disse. Há outras razões para a Zon se sentir tranquila e encarar a crise com uma certa calma: "Temos uma dívida baixa, controlada e muito bem negociada." José João Guilherme, administrador do BCP, parece ser o mais optimista entre os empresários portugueses presentes na BNI: "O sector bancário português está mais protegido. Os reguladores portugueses têm funcionado, não antevejo grandes problemas em relação ao sistema financeiro português", diz, não deixando, no entanto, de prevenir que Portugal atravessará "um período difícil." O sector da construção civil é "o que mais está a sentir os efeitos desta crise", segundo Fernando Rocha, director Financeiro da Mota Engil. Mas recusa-se a perder a esperança e até deixa um conselho: "Angola é um país de oportunidades para as empresas portuguesas e também para as pessoas individuais. Não se pode pensar em Angola como um mercado de curto-prazo ou numa perspectiva de oportunista. E temos todo o à vontade para se falar sobre isso porque estamos lá desde 1946." O presidente da Euronext Lisbon, Miguel Athayde Marques, liderou a delegação portuguesa a Wall Street, que contou com as presenças dos presidentes-executivos da Galp Energia (Ferreira de Oliveira), da Sonae SGPS (Paulo Azevedo), da Brisa (Vasco de Mello), da Jerónimo Martins (Luís Palha da Silva), da Zon Multimédia (Rodrigo Costa) e da REN (José Penedos). Integraram ainda a comitiva os directores financeiros da maioria das empresas que fazem parte do PSI20, bem como o embaixador de Portugal nos Estados Unidos, João de Vallera. A visita da delegação portuguesa incluiu ainda pequeno-almoço e almoço com a comunidade financeira portuguesa em Wall Street e encontros com potenciais investidores.
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